sexta-feira, 30 de setembro de 2011


(...) E eu não tive tempo de dizer, que quando a gente precisa que alguém fique, a gente constrói qualquer coisa, até um castelo(...).

Caio Fernando Abreu, in:O Inventário Do Irremediável

sexta-feira, 23 de setembro de 2011




Resolveu rezar,
"como se o que fosse pedir a si mesma e a Deus precisasse de muito cuidado porque o que pedisse, nisso seria atendida.
Pedir? Como é que se pede? E o que se pede?
Pede-se vida?
Pede-se vida.
Mas já não está tendo vida?
Existe uma mais real.
O que é real?

Ela sabia que não devia pedir o impossível.
Então fez sua prece:

Alivia a minha alma,
Faze com que eu sinta que Tua mão está dada à minha,
Faze com que eu sinta que a morte não existe porque na verdade já estamos na Eternidade,
Faze com que eu sinta que amar é não morrer, que a entrega não significa a morte,
Faze com que eu sinta uma alegria modesta e diária,
Faze com que eu não Te indague demais, porque a resposta seria tão misteriosa quanto a pergunta,
Faze com que eu receba o mundo sem receio,
Abençoa-me para que eu viva com alegria o pão que como,
O sono que durmo,
Faze que eu tenha caridade por mim mesma, pois senão não poderei sentir que Deus me amou,
Faze com que eu perca o pudor de desejar,
E que na hora da minha morte haja uma mão humana amada para apertar a minha,
Amém!


[Clarice Lispector, O LIVRO DOS PRAZERES]

quinta-feira, 22 de setembro de 2011





Antes de julgar a minha vida ou o meu caráter... calce os meus sapatos e percorra o caminho que eu percorri, viva as minhas tristezas, as minhas dúvidas e as minhas alegrias. Percorra os anos que eu percorri, tropece onde eu tropecei e levante-se assim como eu fiz. E então, só aí poderás julgar. Cada um tem a sua própria história. Não compare a sua vida com a dos outros. Você não sabe como foi o caminho que eles tiveram que trilhar na vida." (Clarice Lispector)